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GESTÃO DO TURISMO NAS PERSPECTIVAS DA GOVERNANÇA, DA REGIONALIZAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO

Atualizado: 31 de out.

João José dos Santos Junior

         Jordana de Souza Cavalcante

        Amanda Cabral da Silva


 

O título da coleção, “Desenvolvimento do Turismo”, da qual o livro, “Gestão do Turismo nas Perspectivas da Governança, da Regionalização e do Desenvolvimento”, faz parte evidencia o enfoque central e a linha teórica dos seus volumes: o desenvolvimento do turismo. Academicamente o turismo é uma área de intenso dinamismo e constante atualização. Observado na realidade, é considerado um fenômeno social sob diferentes perspectivas, entre as quais a do turista, a da população residente nos destinos turísticos, a dos gestores públicos e a dos empreendedores. A finalidade das políticas públicas é respaldar as articulações entre os diferentes atores.

 

O turismo é um fenômeno econômico, que gera riquezas por meio das relações de produção e de consumo, em que as redes de cooperação exercem a função primordial de fomentar a inovação das atividades da oferta. Nesse sentido, a publicação, “Gestão do Turismo nas Perspectivas da Governança, da Regionalização e do Desenvolvimento”, apresenta diversas contribuições dos autores (pesquisadores de pós-graduação na área).  

 

Tratando de uma área abrangente, de múltiplas possibilidades de estudo, um dos diferenciais dessa publicação é o conjunto de reflexões e de contribuições sobre temas distintos, que convergem para a valorização do turismo como vetor para o desenvolvimento socioeconômico.

 

Com a intenção de produzir conteúdos para estudos na área com linguagem clara, o e-book está organizado em dez capítulos, estruturados em quatro seções: Regionalização e abordagens metodológicas; Contextos e aplicações em turismo; Destinos e segmentos turísticos; e Aportes para o desenvolvimento regional.

 

No primeiro capítulo, João José dos Santos Junior, Silvonetto Oliveira da Silva e Cecília Galvão Fonseca discutem o Programa de Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo (MTur) do Brasil, argumentando que é imprescindível a clareza da governança, tanto no sentido teórico quanto para sua aplicação exitosa nas políticas públicas do setor.

 

No segundo capítulo, Darlyne Fontes Virginio e Fernanda Calumby Fernandes identificam a limitação da literatura e enfatizam a roteirização como metodologia para a eficiência das políticas e da governança do turismo. As autoras destacam que o Roturis é uma contribuição metodológica importante do estado do Rio Grande do Norte.

 

No terceiro capítulo, Paulo Henrique Ferreira Lacerda e Matheus Almeida Sobrinho discutem as dificuldades para a cooperação, entre as quais a desconfiança entre os atores das políticas públicas e das ações de desenvolvimento do turismo. Com o entendimento de que o Estado, o mercado e a sociedade são protagonistas do capital social, o fortalecimento da cooperação em redes é essencial para o desenvolvimento regional do setor.

 

No quarto capítulo, Willi Jardim Costa Klink, Amanda Cabral da Silva e Kaique Bezerra mostram que, no município de São Paulo, a política de regionalização é exemplo de aplicação em escala local. A estruturação de roteiros turísticos é uma estratégia de geração de receitas, com base na transversalidade do planejamento e da gestão, considerando a complexidade da integração dos atores dos diversos segmentos do setor. Na sequência da contextualização dos planos municipais, os autores apresentam questionamentos para novos estudos que abordem a articulação entre políticas públicas e planejamento do turismo local.

 

A proposta de reflexão acerca dos conceitos do campo do turismo transfronteiriço é apresentada por Jordana de Souza Cavalcante, no quinto capítulo. A autora conclui que as análises conceituais são relevantes para entender as peculiaridades do planejamento e da cooperação transfronteiriça e para o desenvolvimento do turismo nessas realidades regionais complexas. Ao mesmo tempo em que acordos bilaterais contribuem para o envolvimento dos atores, eles devem atuar na implementação de parcerias que superem as barreiras geográficas, políticas e socioeconômicas.

 

Brasília (DF) e Recife (PE) são os destinos escolhidos para analisar a participação dos atores no desenvolvimento local, por meio do turismo criativo, pelas autoras Elisama da Silva Souza, Erika Miguel de Jesus, Mariana Magalhães Cavalcante e Miriam Carolina de Almeida Pavez, no sexto capítulo. O conceito de criatividade no turismo consiste no aprofundamento do turismo cultural, conforme as autoras verificaram nas ações de planejamento, com a qualificação dos gestores e das comunidades, nos casos analisados.

 

No sétimo capítulo, Rina Ricci-Cagnacci, Rosana Barbosa e Judi Peratelli analisam a relação entre as viagens de cruzeiros marítimos e o desenvolvimento regional, enfatizando a necessidade de maior atenção das políticas públicas e dos atores da iniciativa privada ao turismo náutico no Brasil. Além de apresentarem indicadores dos impactos econômicos dos fluxos turísticos nas regiões em cujos portos os navios de cruzeiros atracam, as autoras alertam para a gestão da sustentabilidade, tanto do próprio segmento quanto dos destinos turísticos.

 

No oitavo capítulo, Blanche Levenhagen, Priscilla Moreira Argentin e Túlio César Rocha Camargo explicam que o ecoturismo e o geoturismo são segmentos da demanda de unidades de conservação (UC) em diversas regiões do país, cujo desenvolvimento depende da participação das comunidades locais na gestão dos parques. Ao poder público compete capacitar e qualificar os atores, com oficinas participativas e linhas de crédito para a oferta de serviços e atrativos ecológicos e culturais. Os autores justificam que, em razão das vivências cotidianas, a população local é conhecedora das limitações e das necessidades de melhorias desses territórios naturais.

 

O conceito de arranjo produtivo local (APL) aplicado ao turismo, como estratégia para o desenvolvimento endógeno, fomentando a criação de redes de cooperação para fortalecer o setor e, consequentemente, gerar vantagens competitivas, é a proposta analítica do capítulo nove. Luiz Ailil Vianna Martins, Ana Jéssica Corrêa Santos e João José dos Santos Junior ressaltam a configuração desse modelo de aglomeração de atividades, que visa a novas oportunidades e a diferenciais de mercado, com base na inovação e na ação empreendedora dos atores da oferta turística.

 

No décimo capítulo, Diego Uliano Rocha e Marcela Fontes apresentam uma discussão teórica sobre o desenvolvimento econômico. Tema estudado, originalmente, por economistas, é visto, sobretudo, associado ao crescimento e à geração de riquezas. Agregam outros conceitos, como o de sustentabilidade, estabelecendo o contraponto entre a lógica progressista e a finitude dos bens naturais. O desenvolvimento fundamenta--se na qualidade de vida, fator essencial no contexto das atividades do setor, com base na premissa do turismo responsável.

 

Nota-se, portanto, a representatividade e a relevância dos temas, nos dez textos, em razão da convergência entre a diversidade de visões, resultantes das vivências acadêmicas e profissionais dos seus autores, e a aplicação consistente dos conceitos, que se articulam na composição deste trabalho.


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